segunda-feira, 30 de julho de 2012

PRIMEIRO REGISTRO DE (SARCORAMPHUS PAPA) PARA O MUNICÍPIO DE FRANCA-SP

Ainda não publicado, no ano de 2010 foi feito o primeiro registro documentando de urubu-rei (Sarcoramphus papa) para o município de Franca. O biólogo Cadu Amorim guiava um grupo de observadores de aves próximo a uma área verde urbana no Campo Belo, quando se deparou com um sobrevoo rasante em um clareira por entre as árvores. Foi emocionante disse o biólogo. Este registro tem uma importância significativa, pois esta espécie nunca foi vista pela cidade. Ainda mais assim perto do centro urbano, concluiu.

O maior e mais colorido dos urubus brasileiros com uma envergadura de até 2 metros, possui coloração escura até seis meses de vida. Seu pescoço é todo colorido e seu olho branco. Alimenta-se de carniças e eventualmente de pequenos animais silvestres que pode encontrar em seu vasto território. Acredita-se que o espécime encontrado em Franca seja proveniente do ninhal monitorado pelo Francaves em parceria com o PUB e o ambientalista Douglas Fernando, que já fotografou esta espécie em diversos pontos da região.

O urubu-rei francano, pode ser observado em uma corrente de ar por aproximadamente quinze minutos, quando subitamente fez seu último voo rasante desaparecendo da visão dos observadores.


Urubu rei observado na cidade de Franca-SP em 2010. Imagem: Cadu Amorim


Fonte: www.urubusdobrasil.blogspot.com

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Irara é vista em mata próxima a cidade de Franca




Neste dia 22 de Julho de 2012, o biólogo do Instituto Francaves, Gustavo Garcia e seu irmão Thiago Garcia, faziam uma passarinhada em uma mata próxima ao centro urbano de Franca, quando inesperadamente puderam visualizar uma Irara ou papa-mel (Eira barbara) atravessando a estrada onde estavam. Thiago, que não está acostumado em ver exemplares da fauna silvestre levou um susto ao ver o animal que, correndo, sumiu pela mata. “Minutos antes havia escutado barulhos dentro da mata, mas não acreditava que fosse este tipo de bicho, disse Thiago.  O animal ao atravessar a estrada batida, deixou pegadas (que pode ser visualizada na imagem em anexo). Com a rapidez do animal, não foi possível fazer imagens mais definidas, mas gerou curiosidade imediata de seus observadores por não ser um bicho muito comum na região. Em conversa com o Fazendeiro José Reinaldo Faleiros, proprietário de uma fazenda de café próximo ao local, confirmou presença deste animal informando que os mesmos costumam chegar bem próximo de sua propriedade, ou buscando comida ou somente de passagem, concluiu. Gustavo acredita que seja o primeiro registro desta espécie para o município de Franca, assim tão próximo da cidade, indicando que a região ainda é rica para a presença de mamíferos de médio porte. Ele ainda pretende fazer algumas incursões mais específicas novamente ao local para tentar fazer o registro fotográfico deste belo e importante animal.


Irara (Eira barbara)


Pegada da Irara*


Pegada da Irara*



Conheça mais sobre o bicho:
Habitos: diurno e crepuscular, solitários
Descrição: Pelagem curta e espessa, de coloração marrom escura ou preta a castanho acinzentada na cabeça e pescoço. A garganta tem distinta mancha amarela ou laranja. As orelhas são curtas e arredondadas. Nada, corre e pode escalar árvores.
Tamanho e alimentação: onívoro  / chega entre 55cm a 1,10m de comprimento
Ocorrência: desde a região costeira tropical do México ao norte da Argentina. Geralmente é florestal, mas ocorre em outros variados ambientes, inclusive proximo a residências.
Ameaças: Pela “IUCN” consta como pouco preocupante, mas localmente estão suscetíveis a extinção devido a fragmentação de seu habitat.

Fonte: Gustavo e Thiago Garcia / Google / Procarnivoros



quinta-feira, 12 de julho de 2012

BIRDWATCHING


A observação de aves é uma alternativa de lazer que ainda não tem muita divulgação no Brasil.
Observar as aves é uma atividade extremante agradável, onde é possível estar próximo à natureza, aprendendo muitas coisas longe da sala de aula. Muita gente no mundo todo faz observação de aves, também conhecida como birdwatching. É impossível não se empolgar com a descoberta de uma nova espécie no seu jardim ou durante uma caminhada dentro da mata!
Esta atividade auxilia os ambientes naturais, pois as aves precisam deles para sobreviver, e os visitantes destes lugares acabam por estimular sua conservação. E claro, também gera emprego às pessoas envolvidas direta e indiretamente com esta atividade.
Por ser uma atividade que traz estímulo intelectual, a observação de aves é muito gratificante para seus aficcionados. Também envolvem caminhadas ao ar livre, com maior ou menor grau de dificuldade e contato com a natureza. Ou seja, reúne ingredientes que reconhecidamente são fundamentais para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Em lugares como os Estados Unidos e Canadá, os observadores de aves há tempo já estão organizados em Associações. Reúnem-se para a prática e aperfeiçoamento de suas habilidades de localizar e identificar as diferentes espécies de aves nos respectivos habitats, observando seu comportamento e mantendo cuidadosos registros. Estes grupos organizam saídas de campo e viagens, publicam periódicos informativos, promovendo apenas palestras com especialistas, como outros eventos variados para divulgar suas atividades e a proteção.
A observação de aves é uma atividade que requer muito pouco investimento, a não ser que deseje fazer da ornitologia a sua profissão. O material básico para iniciação amadora nesta atividade, é perfeitamente acessível a qualquer bolsa.
Embora a diversidade de espécies de aves no Brasil seja grande, são poucas as pessoas que percebem a presença destes seres ao seu redor. A pressa do dia-a-dia e a falta de hábito em olhar para os lados faz com que elas não sejam notadas nas áreas naturais da cidade, onde muitas espécies convivem diariamente com os visitantes. Entretanto, em diversas partes do mundo a observação de aves é bastante difundida.
Mas antes de qualquer coisa é necessário identificar o que são as aves, aparentemente é muito fácil saber se um animal é uma ave ou não:
- animais vertebrados que possuem o corpo coberto de penas;
-possuem pernas adaptadas para empoleirar, andar ou nadar;
-possuem asas e bicos.
De acordo com Sick, além destas características visíveis, as aves possuem a temperatura do corpo mais alta que de outros animais e um sistema de sacos aéreos distribuídos pelo corpo que se comunica com os pulmões, oco dos ossos e com a boca. Esta é uma característica importante e única deste grupo, com diversas funções importantes: contribui para reduzir o peso do corpo; abastecem os pulmões de ar durante o vôo, mergulho ou enquanto elas vocalizam; auxiliam na proteção dos ossos em aves mergulhadoras; auxiliam no isolamento térmico e, em certas aves, podem produzir ruído e se inflarem durante as cerimônias pré-nupciais.
De acordo com Moss (2005), até meados do século XVIII a relação humana com as aves era baseada na religiosidade ou superstição – principalmente em populações mais primitivas -, como fonte de plumas para adornos, decoração e ainda um importante fornecedor de proteínas pela caça ou criação doméstica. Em 1789 o reverendo Gilbert White, um naturalista que estudava as coisas naturais da vila onde morava, publica The natural history of Selborne, considerada a primeira obra com referências à observação de aves. Moss (2005) ainda cita White, juntamente com Thomas Berwick, George Montage e John Clave, como os primeiros observadores de aves da história.
Embora o século XVIII marque o inicio das mudanças na relação homem-natureza, nessa época a curiosidade cientifica sobre o meio natural implicava quase que exclusivamente em coletas maciças de plantas, animais, ovos e até ninhos para coleções particulares e museus (Moss, 2005). Não havia tanto interesse nos aspectos ecológicos ou comportamentais dos seres vivos, apenas na variedade e raridade. Quanto mais exótico e distante a origem, mais interessante era para a coleção.
As primeiras viagens para observação de aves aconteceram ainda no século XIX no Reino Unido. Tímidos observadores competiam com os ávidos coletores na Inglaterra, quando os primeiros começaram a perceber o declínio e até o desaparecimento de algumas espécies pela coleta excessiva de ovos.
A prática de observação de aves, ou birdwatching, é uma importante atividade de conexão entre as ciências biológicas (por meio da Ornitologia), o turismo e a educação ambiental. Ao mesmo tempo em que ela cresce substancialmente, arregimentando novos praticantes e, afinal, consolidando-se como uma interessante expressão de lazer e também de mercado, ainda são poucos os documentos produzidos a respeito, particularmente em países como o Brasil, onde a atividade ainda se encontra em fase de iniciação e estruturação.
Embora o Brasil possua mais de 1.800 espécies de aves em seu território, só recentemente a observação de aves tem se destacado como atividade turística e econômica. O interesse cresceu a partir das décadas de 1970-80, com os primeiros clubes de observadores de aves que promoviam atividades isoladas, com poucos interessados. Após a conferência das nações unidas para o meio ambiente e desenvolvimento, houve um aumento na divulgação das riquezas naturais brasileiras pela mídia, e a observação de aves veio gradualmente despertando interesse. Em 1997 foi realizado o primeiro encontro de observadores de aves e turismo no Rio de Janeiro, mas com pouca participação, talvez porque o mercado ainda não estivesse maduro o suficiente para esta nova atividade. Um fato marcante na observação de aves brasileira foi a realização do primeiro encontro Brasileiro de Observação de Aves (Avistar Brasil ) em 2006, reunindo pela primeira vez instituições de ensino, operadoras de turismo, editoras, fotógrafos, associações de observadores de aves, estudantes e outros interessados neste segmento. O sucesso do evento garantiu sua continuidade, e desde então vem acontecendo, tornando-se uma referência no Brasil. Um dos resultados positivos destes encontros foi a proliferação de clubes de observadores de aves e de novos roteiros pelo Brasil, fortalecendo a atividade.

Texto: Barthira Rezende de Oliveira